9.8.10

amarelinha binária. galeria da casa de cultura da américa latina. brasília. 2010


composição urbana
C.U.
agosto de 2010
bia medeiros
felipe olalquiaga
camila soato
fernando aquino
diego azambuja
anibal alexandre
victor valentim
claudia loch
jackson marinho

CORPOS INFORMÁTICOS

1 Comments:

Blogger Bia Medeiros said...

Mas se este rosto fabrica o açúcar e constrói o muro branco da significação com quais elementos ele trabalha? E do mesmo modo, que terceiro olho é este que pode contra Panoptes?
A guerra associa, cria sócios, cadeias generativas lineares, a partir de indivíduos dóceis, adocicados pela linguagem saturada: fidelidade, acúcar. São gomas de mascar doces, maquiadas, que logo perdem seu sabor. Restam como manchas de látex pregadas no chão de rodoviárias, corredores de metrô, ônibus fétidos e decadentes da sociedade capitalista.
A guerra propõe pular amarelinha . Aqui o céu é a mentira, o doce.
A vida dura, cuja propulsão é gasosa e puro ímpeto, pertence à guerra, mas difere do doce. Em sendo humana, e concomitantemente pós-humana, é sempre artificial, porém aqui, no duro, o natural tenta fugir quarta-feira à tarde para a cachoeira. Por vezes consegue, na volta talvez a blitz.
Na vida dura, fontes desconexas de formação, pura forma que não fala, toca, sopra, joga o ser na incerteza que permite o nascimento do pensar, da meditação, sem palavras. Quieto, mergulho no rio a aprender com seus fluídos e o corpo quente de sol pede um outro outro. Este também é capaz de fluxos, flutua. Não cria paredes, abre janelas, compõe. Desejo e logo carícia, do erotismo à pornografia sem fronteiras.
Aqui há agregação, são disritmias reunidas, peles profundas de densidades diferenciadas se pregando, se soltando, se atraindo, expelindo, sugando nas asas do suor desenfreado por movimento e circulação: pitada, açafrão, pimenta e maniçoba; feijão, manga, jabuticaba e açaí; banana, mel, o não dito e ventania.
Mas o que traz a fruta? A fruta traz o tempo útil e invencível. O doce dá lugar ao anônimo, ao sistema complexo natural da difusão da semente, estudado e captado pelas práticas agrícolas ao longo da história. Ver a fruta não é suficiente, descrevê-la ou plasmá-la cientificamente em uma folha de papel não faz a fruta. Força e estratégia de dispersão, a constituição do fruto em nossa sensibilidade: tempo, sutileza e carícia. Frutos de todos os tipos arremessando a semente-potência; formas, estruturas e sabores, “trabalhando ainda seu açúcar depois de cortada” (Cão sem plumas, João Cabral de Melo Neto). Mar(ia-sem-ver)gonhas explodem; frutos carnosos passam pelo intestino dos animais para germinar; frutos com alas rodopiam para o desconhecido; frutos com espinhos atravessam abismos grudados à pelagem dos animais.
Tratam-se de moscas. Sutilezas que nos lançam no tempo do processo, no espaço da resistência. O que pousa é fugaz, o que apodrece é necessário. Diferente da linguagem doce, a do açúcar, a fruta é produzida pelo solo e retorna para o solo em potência. O verbo é produto mimético, rebate no muro branco da significação e reverte em interpretações.
O corpo se configura na carícia, pela carícia. O tato como propulsão do desejo, ir-sem-ver, a carícia versus a máquina.

August 23, 2010 at 10:18 PM  

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