9.8.10
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Mas se este rosto fabrica o açúcar e constrói o muro branco da significação com quais elementos ele trabalha? E do mesmo modo, que terceiro olho é este que pode contra Panoptes?
A guerra associa, cria sócios, cadeias generativas lineares, a partir de indivíduos dóceis, adocicados pela linguagem saturada: fidelidade, acúcar. São gomas de mascar doces, maquiadas, que logo perdem seu sabor. Restam como manchas de látex pregadas no chão de rodoviárias, corredores de metrô, ônibus fétidos e decadentes da sociedade capitalista.
A guerra propõe pular amarelinha . Aqui o céu é a mentira, o doce.
A vida dura, cuja propulsão é gasosa e puro ímpeto, pertence à guerra, mas difere do doce. Em sendo humana, e concomitantemente pós-humana, é sempre artificial, porém aqui, no duro, o natural tenta fugir quarta-feira à tarde para a cachoeira. Por vezes consegue, na volta talvez a blitz.
Na vida dura, fontes desconexas de formação, pura forma que não fala, toca, sopra, joga o ser na incerteza que permite o nascimento do pensar, da meditação, sem palavras. Quieto, mergulho no rio a aprender com seus fluídos e o corpo quente de sol pede um outro outro. Este também é capaz de fluxos, flutua. Não cria paredes, abre janelas, compõe. Desejo e logo carícia, do erotismo à pornografia sem fronteiras.
Aqui há agregação, são disritmias reunidas, peles profundas de densidades diferenciadas se pregando, se soltando, se atraindo, expelindo, sugando nas asas do suor desenfreado por movimento e circulação: pitada, açafrão, pimenta e maniçoba; feijão, manga, jabuticaba e açaí; banana, mel, o não dito e ventania.
Mas o que traz a fruta? A fruta traz o tempo útil e invencível. O doce dá lugar ao anônimo, ao sistema complexo natural da difusão da semente, estudado e captado pelas práticas agrícolas ao longo da história. Ver a fruta não é suficiente, descrevê-la ou plasmá-la cientificamente em uma folha de papel não faz a fruta. Força e estratégia de dispersão, a constituição do fruto em nossa sensibilidade: tempo, sutileza e carícia. Frutos de todos os tipos arremessando a semente-potência; formas, estruturas e sabores, “trabalhando ainda seu açúcar depois de cortada” (Cão sem plumas, João Cabral de Melo Neto). Mar(ia-sem-ver)gonhas explodem; frutos carnosos passam pelo intestino dos animais para germinar; frutos com alas rodopiam para o desconhecido; frutos com espinhos atravessam abismos grudados à pelagem dos animais.
Tratam-se de moscas. Sutilezas que nos lançam no tempo do processo, no espaço da resistência. O que pousa é fugaz, o que apodrece é necessário. Diferente da linguagem doce, a do açúcar, a fruta é produzida pelo solo e retorna para o solo em potência. O verbo é produto mimético, rebate no muro branco da significação e reverte em interpretações.
O corpo se configura na carícia, pela carícia. O tato como propulsão do desejo, ir-sem-ver, a carícia versus a máquina.
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