8.12.12

3 Comments:

Blogger Bia Medeiros said...

RESUMO
O presente texto pensa, apresenta, tange e poesia (sic) sobre a intervenção/performance
Komboio, Kombeiro ou Kombunda, realizada pelo Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos,
2011. Para tanto são utilizados os conceitos de “equívoca da violência”, composição urbana,
fuleragem (sic), dispositivo. Indagações cotidianas alinhavam a poesia/escrita a seis mãos.
PALAVRAS-CHAVE: Komboio, Kombeiro, “equívoca da violência”, composição urbana,
fuleragem.
SOMMAIRE
Ce texte estime, présente et poésie sur l´intervention / performance, Komboio, Kombeiro,
Kombunda realizée par le Groupe de Recherche Corpos Informáticos, 2011. Sont utilisés
des concepts de «trompeur (équivoque) de la violence », composition urbaine, fuleragem
(sic), dispositif. Certaines questions quotidiennes sellent la poésie / écriture à six mains.
MOTS-CLÉS: Komboio, Kombeiro, “equivoque de la violence”, composition urbaine,
fuleragem.

December 8, 2012 at 7:41 PM  
Blogger Bia Medeiros said...

No princípio era o corpo e neste rapidamente inaugurou-se a violência. A violência é
o poder inaugurado no corpo. Poder sobre o corpo próprio, sobre o corpo do outro,
dos outros. Violência: abuso de força; violação; tortura; juízo. “Viol”, em francês, é
estupro. Corpo lascado, rachado, ardido de seus fluídos, hoje, prenhe de hormônios.
O corpo submisso diante destas palavras, escritas de forma compartilhada a seis
mãos, em rede, está sendo violentado.
O corpo submisso no banco da escola desde os primórdios, o corpo submisso à
biblioteca e Mestrado, o corpo submisso, mais biblioteca e Doutorado, o corpo
submisso professor. O corpo submisso no carro. E na Kombi, o corpo é submisso?
No seguir do texto atentaremos para a diferenciação entre a equívoca da violência e
a violência instituída.
Não interessa sair da frente do computador de mão dada com alguém, ou algo, que
nos leve. Também não interessa entrar “com eles” no templo. Sair da frente do
computador também não é o ponto: cabe a crítica.
As guerras são frutos dos templos e daqueles que, se querendo sábios, mais sábios
que os demais, querem levar os outros pelas mãos. Nós, Corpos Informáticos,
queremos pular corda pelados na CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior). A quem é designado o título de “nível superior”?
Na kombi, todos ficam no mesmo nível, é preciso usar as duas mãos para sustentá-
la e é preciso ser no mínimo sete fuleirospara levantá-la. E ficar nu, aqui, é pura
fuleragem (sic). A “liberdade”, face da violência, vaga como uma ideia para a
especulação.
Performance Komboio. Corpos Informáticos: CCBB, Brasília. 2011.
Em descontrole, onde se dá o combate entre a equívoca da violência e a violência
instituída, pode-se chegar ao estado lúdico ou anedótico. O conforto pressupõe
segurança e controle. O descontrole, o charivari, são risco.
Fuleiro, sem ver, mostra bunda na Kombi, surrupia a precisão, devolve a ação em
forma de risco, risca, arrisca a ordem do movimento em alquímico estado de lucidez
do espírito.
Kombinationsfahrzeug, de onde se origina o nome Kombi, que quer dizer "veículo
combinado" (ou "veículo composto"). Para o Corpos Informáticos interessa a
composição, a composição urbana: arte de rua que não intervém nem interfere na
urbis. Compõe e decompõe, é sinal nomadizante e gera equívoca da violência.
Kombinado, de fato, nada: fuleragem. Apenas o pulso. O grito resgata algum rumo
entre pernas, inverte a técnica do limitar, corrompe a violência a um corpo que se
pretende ordenar. Giorgio Agamben diria “dispositivo”.

December 8, 2012 at 7:48 PM  
Blogger Bia Medeiros said...

Mas, na esquina do corpo outro, a violência tropeça e é traída pela fuligem. Fuligem,
respingo, sobras do equívoco na falta de (des)ordem, método e clareza.
Sobra, decola e trai: fuleragem. A Kombi entra na polpa da multidão, com a equívoca
da violência e oferece, ao outro corpo, o descontrole, o gesto. A multidão borbulha,
instituída de que? O corpo instituído tenta regular o corpo possível, o (des)controle
foge ao sentido imposto e propõe: _ cospe fora o remédio e inspira regras de
pretender-se.
A violência instituída “educa”, confirma e conforma a ordem, a nação, a meta, mas
também, o carinho, o desejo, a Kombi e a fuleragem. Conforma, recolhe os vistos,
devolve os irregulares, subtrai o absurdo e classifica a poesia.
Aqui se enseja a equívoca sobre a intuição fuleragem. Se o termo “fuleragem”
tornar-se instituição, será necessário buscar o vagabundo, a vaga bunda ou
simplesmente a bunda refrescada na janela da Kombi.
A equívoca nasce da pretensão que gagueja, revelando-se ruído, fratura e
deposição da verdade em conserva. Liquidez tormentosa.
Na Kombi, não há nobreza, só sons da matemática ilusória das ilhas de ouro, não há
bailarinos. Todos podemos ser bailarinos da incerteza, sabor de pele e de dia, um(a)
após a(o) outra(o), como cobra, como todo veneno disponível, sem deus ou
humanidade, apenas paz, rapaz, meninas e as maria-sem-vergonhas plantadas nas
Kombis à espera da sombra dos Flamboyants e Xixás.
Dança menino, pula corda, respira através da pele, assim como o dia que passa,
sem programação. O dia “tardeia” na beira do lago em Brasília, uma chance para
esquecer a ordem, o dispositivo: performance.
Cada coisa tem sua equívoca. A equivocada composição urbana é a decomposição.
A equívoca do dispositivo é o gesto. A equívoca da violência é a fuleragem. O
vagabundo não se importa, suporta, desiste, e erra: errante. A fuleragem, escárnio
da violência.
Uma oposição, diferentemente da equívoca, sugere o quanto durará o perfil de
violência. A paz existe fora da sessão de acupuntura? A.CU.PUM.TU.RA? Na Kombi
pode CU (composição urbana) e PUM (processo urbano mole), TU (terreno ubíquo),
RA (redes adversas). Internet: doce e duro simultaneamente: o duro da vida
(encontro no cheiro e no tato), o doce do (des)encontro virtual (filtrado pela censura
da rede. A mesma censura do, também espaço estriado, a cidade). No doce ctrl_c,
ctrl_v, no duro ctrl_c, ctrl_c: charivari, criação de um possível outro.

December 8, 2012 at 7:49 PM  

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