16.4.12

AMARELINHA BINÁRIA. FUNARTE SP. 2011.

8 Comments:

Anonymous Anonymous said...

JORNAL O MIRACULOSO
ENTREVISTA
Pergunta MIRACULOSO: Qual a mística de você estar em Brasília?
Bia Medeiros
A mística pode ser a do fragmento. A do anti-freudiano. Pode ser a mística do sem família. Pode ser do errante contrário do traficante que fica, o ficante, o traerrante. Talvez o trafierrante
seja a melhor resposta.
M: Frase: Dilma 1ª presidenta do Brasil.
O centenário de Brasília será performático?
B: O fato de termos uma presidenta não sedimenta. Não é pelo fato de a pessoa ser mulher que fica melhor. O centenário de Brasília vai precisar andar muito ainda. Vai precisar
conhecer o córrego do urubu, os buracos do Lago Oeste, voltar
a ser selva na cidade pra poder ser realmente performático.
A posse, não de uma presidenta, mas de um ser gênero,
um congênero, um todo-gênero, presidente. Talvez nem presidente.
Se uma matilha fosse presidente, talvez fosse mais
interessante do que uma pessoinha qualquer.

May 19, 2012 at 12:55 AM  
Anonymous Anonymous said...

JORNAL O MIRACULOSO
ENTREVISTA

M: É possível cozinhar a ética, encerar o desejo e passar batido?
BIA MEDEIROS: Uma ética cozinhada não existe. Porque a partir do momento
que ela for cozinhada, já se torna moral. Encerar o desejo não é recomendável, porque ele é melhor espinhento, com um pouquinho de lama, com espaço para escorrer
alguma coisa e passar uma mãozinha, deixar mais lisinho.
Não sou a favor de um desejo encerado, nem varrido. Talvez
um desejo ventado, tempestado. Quando você passa batido, a roupa fica mal passada e o mal passado interessa porque revela as entranhas do linho e as escamas da camiseta, além
de mostrar o outro engomadinho.
M: Qual a estratégia desta facção Corpos Informáticos,
uma vez que corpo e tecnologia são
grandes temas atuais?
B: Corpos Informáticos vem sendo atacado com os temas “máfia do edital”, “lavagem de dinheiro” e “oligarquia cultural”. É interessante esse ataque porque revela o quanto um
processo anarquista de criação como o Corpos Informáticos
(“anarquistas entre aspas”. Pesquisa brincadeira, palhaçada,
todo mundo junto, criação coletiva, workshop de 48h,
não seria bem a palavra anarquia, mas o processo que se dá no fluxo.) ser atacado desses tantos nomes significa que o improviso já está sendo cercado e romper o cerco é muito divertido.
O Corpos Informáticos não possui uma estratégia limitada, delimitada. Esta forma de ação, que eu não
chamaria de es- tratégia, se constrói no processo e no coletivo. Eu também não sei se eu chamaria de facção. Mas o fato de estarmos sendo acatados de “máfia do edital”,
eles estão pensando que talvez somos uma facção. Nós não
somos facção! Corpos Informáticos é um vazamento, é um
mal-hálito que permanece apesar da higiene da sociedade. É
uma forma de construir, destruir, possuir pensamento e levalo
às ruas. Quando Corpos Informáticos encera o Congresso
Nacional ele não encera o desejo. Ele encera, desencera –
porque as enceradeiras eram todas quebradas – esse processo
da facção que agora se organiza em partidos e é essa verdadeira
máfia do poder. O poder para o Corpos Informáticos é
um poder que não pode. É uma política que não diz nem sim
nem não, que não bota placa, nem tapa buraco porque as estradas
não interessam. Interessa descer do carro e ser denovo
trafierrante.

May 19, 2012 at 12:56 AM  
Anonymous Anonymous said...

JORNAL O MIRACULOSO
ENTREVISTA

MIRACULOSO: Qual a pedagogia da mar(ia-sem-ver)gonha?
BIA MEDEIROS: Pensando a pedagogia noutro dia, e tentando reconceituar exatamente o que é a pedagogia, pude verificar que termos melhores existem para dizer não só pedagogia (Corpos Informativos
chegou à conclusão de que são necessárias novas palavras para quase tudo neste hemisfério em que a gente vive). Então a pedagogia nada mais é do que secreções. Alguém secreta
e se contamina com aqueles que são chamados alunos. Naverdade, quase sempre, várias vezes são melhores que os professores. E os professores são os vadios que roubam dos
alunos as idéias e acreditam que fazem melhor que os alunos.
Os alunos é que fazem arte.
M: Circulações, circunstâncias, grupo. O PCPT (WWW.performancecorpospolitica.net) é um grande marco da performance no Brasil. Poderíamos considerá-
lo seu teatro de estádio?
B: Considero um elogio o Miraculoso dizer que o PCPT é um marco na história da performance.
Não interessa ser marco, porque ele fica lá parado no monumento
e é um marco. Corpos Informáticos quando pensou o PCPT ele não tinha intenção de ser marco, mas de ser um pedaço de molécula de água passando no meio do rio, um
pedaço de fulxo, um componente nas possibilidades. São muitos os eventos de performance no Brasil e esse ano pude particpar de vários, mas vários outros que o Corpos não pôde
participar. O importante não é ser marco, é ser fluxo. Mas
talvez a gente tenha sido sim um redemoinho numa geração
de idéias, de bolhas que movimentam as pedrinhas do rio e
agrupar outras águas que estavam passando de pessoas exigindo,
pedindo, contaminando o público com a diferença de que corpos informáticos não é, nunca foi, nem nunca será, não sei, teatro. Nossa mar(ia-sem-ver)gonha explodem com
essas sementinhas que voam no ar e crescem no improviso. Por isso não é teatro. Gostaria de citar Arranhane Musquini, do Theatro de Soleil, que é teatro, mas tem uma expressividade
na minha formação.
Minha amiga de adolescência que teve bastante influência sobre mim Bia Medeiros, no final dos anos 70 e mais recentemente a pesquisa se contamina de Mathew Barney, daquele
cara que pinta os grafites na rua, o Blue, além do processo de secreções e contaminações, ou seja, essa pedagogia invertida Maycira Leão, Chyntia Carla, Alice Stefênia, Rita Gusmão,
Milton Marques, Frederick Sidoul, Diego Azambuja, Fernando Aquino e tantos outros rizoma mar(ia-sem-ver)gonha: cuidado a semente pode explodir e cair no seu cercado.
“Arqueologia do Corpos Informáticos
se dá como processo de crescimento, infiltração,
penetração ou importação vagabunda
da mar(ia-sem-ver)gonha”
www.corpos.blogspot.com
Seu pensamento filosófico tempera política, gargalhada
e sabor, afoga, auscuta na carícia. Pedagogia
do corpo mixuruco, tecnologia nômade da escritura,
secreções e contaminações fuleiras são instrumentos
de sua vivência.
“ Corpos Informáticos quando pensou o PCPT ele não tinha intenção
de ser marco, mas de ser um pedaço de molécula de água passando
no meio do rio, um pedaço de fulxo, um componente nas possibilidades.”
“A fuleragem não tem compromisso e o não compromisso permite o
ser dar mais. O amor é mixuruca porque passa. Todos passam.”

May 19, 2012 at 12:57 AM  
Anonymous Anonymous said...

JORNAL O MIRACULOSO
ENTREVISTA

MIRACULOSO: Qual a pedagogia da mar(ia-sem-ver)gonha?
BIA MEDEIROS: Pensando a pedagogia noutro dia, e tentando reconceituar exatamente o que é a pedagogia, pude verificar que termos melhores existem para dizer não só pedagogia (Corpos Informativos
chegou à conclusão de que são necessárias novas palavras para quase tudo neste hemisfério em que a gente vive). Então a pedagogia nada mais é do que secreções. Alguém secreta
e se contamina com aqueles que são chamados alunos. Naverdade, quase sempre, várias vezes são melhores que os professores. E os professores são os vadios que roubam dos
alunos as idéias e acreditam que fazem melhor que os alunos.
Os alunos é que fazem arte.
M: Circulações, circunstâncias, grupo. O PCPT (WWW.performancecorpospolitica.net) é um grande marco da performance no Brasil. Poderíamos considerá-
lo seu teatro de estádio?
B: Considero um elogio o Miraculoso dizer que o PCPT é um marco na história da performance.
Não interessa ser marco, porque ele fica lá parado no monumento
e é um marco. Corpos Informáticos quando pensou o PCPT ele não tinha intenção de ser marco, mas de ser um pedaço de molécula de água passando no meio do rio, um
pedaço de fulxo, um componente nas possibilidades. São muitos os eventos de performance no Brasil e esse ano pude particpar de vários, mas vários outros que o Corpos não pôde
participar. O importante não é ser marco, é ser fluxo. Mas
talvez a gente tenha sido sim um redemoinho numa geração
de idéias, de bolhas que movimentam as pedrinhas do rio e
agrupar outras águas que estavam passando de pessoas exigindo,
pedindo, contaminando o público com a diferença de que corpos informáticos não é, nunca foi, nem nunca será, não sei, teatro. Nossa mar(ia-sem-ver)gonha explodem com
essas sementinhas que voam no ar e crescem no improviso. Por isso não é teatro. Gostaria de citar Arranhane Musquini, do Theatro de Soleil, que é teatro, mas tem uma expressividade
na minha formação.
Minha amiga de adolescência que teve bastante influência sobre mim Bia Medeiros, no final dos anos 70 e mais recentemente a pesquisa se contamina de Mathew Barney, daquele
cara que pinta os grafites na rua, o Blue, além do processo de secreções e contaminações, ou seja, essa pedagogia invertida Maycira Leão, Chyntia Carla, Alice Stefênia, Rita Gusmão,
Milton Marques, Frederick Sidoul, Diego Azambuja, Fernando Aquino e tantos outros rizoma mar(ia-sem-ver)gonha: cuidado a semente pode explodir e cair no seu cercado.
“Arqueologia do Corpos Informáticos
se dá como processo de crescimento, infiltração,
penetração ou importação vagabunda
da mar(ia-sem-ver)gonha”
www.corpos.blogspot.com
Seu pensamento filosófico tempera política, gargalhada
e sabor, afoga, auscuta na carícia. Pedagogia
do corpo mixuruco, tecnologia nômade da escritura,
secreções e contaminações fuleiras são instrumentos
de sua vivência.
“ Corpos Informáticos quando pensou o PCPT ele não tinha intenção
de ser marco, mas de ser um pedaço de molécula de água passando
no meio do rio, um pedaço de fulxo, um componente nas possibilidades.”
“A fuleragem não tem compromisso e o não compromisso permite o
ser dar mais. O amor é mixuruca porque passa. Todos passam.”

May 19, 2012 at 12:58 AM  
Anonymous Anonymous said...

JORNAL O MIRACULOSO
ENTREVISTA

Miraculoso: Daqui há mil anos o Corpos Informáticos será segredo?
Bia Medeiros: Tomara, porque só os segredos merecem ser contados no
mais íntimo do ser. Calados. E como silêncio. Presença. Derrida
fala que uma teoria da Literatura só seria possível se
fosse possível fazer uma teoria sem conceitos. Uma teoria do
segredo. É interessante fazer parte de uma teoria do segredo,
ou de uma não teoria, porque uma teoria do segredo seria
impossível.
M: Qual a performance da Nova Era?
B: E tem nova era? Eu sempre achei que a questão da nova
era do novo momento do séc. XX é uma inquietação que as
pessoas trazem em si
M: Qual a circunstância entre
a foda e a filosofia?
B: Primeiro eu vou ter que pensar se existe circunstância entre a foda e a
filosofia. O que é um cir-cunstância, circunstância? Poderia responder
que os dois são muito bom! E dá pra levar a vida só pensando essas duas
coisas. Quando ficar cansado, seria interessante fazer de arte, rir um
pouco, trocar de namorado, talvez de filósofo, mas não sei se
existe uma circunstância entre a foda e a filosofia. Mas instâncias
podem ser criadas e podem ser muito interessantes,
além de ser duas coisas essenciais para a vida.
M: Em seu livro Aisthesis a educação do corpo
compõe com as tecnologias?
B: O livro Aisthesis publicado em 2005, precisa ser revisto e
ampliado. Outro dia me peguei com uma informação minha
citada por uma aluna. Falei: Caramba! Escrevi esta besteira!
Então tem algumas coisas que deveriam ser revistas. Uma
delas é o termo “educação para um corpo sensível”. Um
corpo sensível se educa se há uma pedagogia para o corpo
sensível e eu acabei de afirmar que a educação é secreções
e contaminações. Quando se contagia, educa-se e abre-se a
possibilidade de experiências. Então acredito que a educação
do corpo sensível é uma impossibilidade. Ou o corpo sensível
é regado adubado. Você pode mostar para a flor aonde
está o sol, mas não pode botar o sol na planta. Então a educação
do corpo sensível precisa ser revista.
As tecnologias hoje em dia são onipresentes e verifica-se
nas escolas que não há uma educação para as tecnologias.
As crianças possuem um direcionamento natural para aquela
presença. Assim como olham para as plantas, eles também
olham o computador. Mas a sociedade leva as crianças mais
para as tecnologias, então existe nas crianças um interesse
muito maior pelas tecnologias. E é preciso que elas peçam
aos pais que comprem mais e mais computadores, vídeo-games,
wi-fi´s, do que propagandas na televisão no sentido de
“plante uma árvore”, “que cheiro tem essa flor” ou “seja um
trafierrante” então as tecnologias estão entrando na vida de
nossas crianças sem controle e impostas por uma sociedade
que necessita do consumo precipitado, impensável, possessivo
e ao mesmo tempo descartável. Então há que haver o
cuidado nesse compreender, entender, deixar encostar a tecnologia
no corpo sensível.

May 19, 2012 at 12:59 AM  
Anonymous Anonymous said...

JORNAL O MIRACULOSO
ENTREVISTA

Miraculoso: Daqui há mil anos o Corpos Informáticos será segredo?
Bia Medeiros: Tomara, porque só os segredos merecem ser contados no
mais íntimo do ser. Calados. E como silêncio. Presença. Derrida
fala que uma teoria da Literatura só seria possível se
fosse possível fazer uma teoria sem conceitos. Uma teoria do
segredo. É interessante fazer parte de uma teoria do segredo,
ou de uma não teoria, porque uma teoria do segredo seria
impossível.
M: Qual a performance da Nova Era?
B: E tem nova era? Eu sempre achei que a questão da nova
era do novo momento do séc. XX é uma inquietação que as
pessoas trazem em si
M: Qual a circunstância entre
a foda e a filosofia?
B: Primeiro eu vou ter que pensar se existe circunstância entre a foda e a
filosofia. O que é um cir-cunstância, circunstância? Poderia responder
que os dois são muito bom! E dá pra levar a vida só pensando essas duas
coisas. Quando ficar cansado, seria interessante fazer de arte, rir um
pouco, trocar de namorado, talvez de filósofo, mas não sei se
existe uma circunstância entre a foda e a filosofia. Mas instâncias
podem ser criadas e podem ser muito interessantes,
além de ser duas coisas essenciais para a vida.
M: Em seu livro Aisthesis a educação do corpo
compõe com as tecnologias?
B: O livro Aisthesis publicado em 2005, precisa ser revisto e
ampliado. Outro dia me peguei com uma informação minha
citada por uma aluna. Falei: Caramba! Escrevi esta besteira!
Então tem algumas coisas que deveriam ser revistas. Uma
delas é o termo “educação para um corpo sensível”. Um
corpo sensível se educa se há uma pedagogia para o corpo
sensível e eu acabei de afirmar que a educação é secreções
e contaminações. Quando se contagia, educa-se e abre-se a
possibilidade de experiências. Então acredito que a educação
do corpo sensível é uma impossibilidade. Ou o corpo sensível
é regado adubado. Você pode mostar para a flor aonde
está o sol, mas não pode botar o sol na planta. Então a educação
do corpo sensível precisa ser revista.
As tecnologias hoje em dia são onipresentes e verifica-se
nas escolas que não há uma educação para as tecnologias.
As crianças possuem um direcionamento natural para aquela
presença. Assim como olham para as plantas, eles também
olham o computador. Mas a sociedade leva as crianças mais
para as tecnologias, então existe nas crianças um interesse
muito maior pelas tecnologias. E é preciso que elas peçam
aos pais que comprem mais e mais computadores, vídeo-games,
wi-fi´s, do que propagandas na televisão no sentido de
“plante uma árvore”, “que cheiro tem essa flor” ou “seja um
trafierrante” então as tecnologias estão entrando na vida de
nossas crianças sem controle e impostas por uma sociedade
que necessita do consumo precipitado, impensável, possessivo
e ao mesmo tempo descartável. Então há que haver o
cuidado nesse compreender, entender, deixar encostar a tecnologia
no corpo sensível.

May 19, 2012 at 12:59 AM  
Anonymous Anonymous said...

JORNAL O MIRACULOSO
ENTREVISTA

Miraculoso: A arte é fuleragem porque o amor é mixuruca.
Comente
Bia Medeiros: A idéia de arte como fuleragem é um conceito que o Corpos
Informáticos vem desenvolvendo, sobretudo a partir da
participação do Fernando Aquino no grupo. O grande passo
seria compreender o nosso trabalho como fuleragem. Permite
mais liberdade, mais ousadia, menos compromisso e esses
aspectos impulsionam a criatividade. Se você não tem o
compromisso de que aquela estátua vai ficar na praça durante
mil e quinhentos anos, você se permite uma ação muito mais
verdadeira e autêntica, do que se você tiver o conceito de que
arte é obra. Por exemplo, todos os desenhos dos artistas, se
você pegar de Leonardo a Egon Chili, Bia Medeiros, Rubens
Gurschimam, os desenhos são melhores que as litografias, do
que as gravuras. Quando a pessoa passa para uma linguagem
mais estável, mais perene, o traço trava. E a fuleragem não
trava o traço. Ela nem tem traço, só tem talvez o resto do
resto como que o Evando Nascimento: a arte seria o resto
do resto. A fuleragem não tem compromisso e o não compromisso
permite o ser dar mais. O amor é mixuruca porque
passa. Todos passam. Mas é incrível porque todas essas mixurucagens
vão fazendo uma genealogia da pessoa. É uma
mixurucagem que deixa rugas maravilhosas,
pedaços de enseadas
no corpo da memória do amor
do tesão do desejo do vácuo do não.
Que bom que é mixuruca. Eu gosto!
M: Esta pergunta é um espaço
aberto para você falar
o que quiser. O Miraculoso
agradece.
B: Queria parabenizar a iniciativa do Miraculoso. É um esforço
bastante grande, eu sei. A gente já tentou fazer jornais
em tempos mais difíceis e o quanto é difícil fazer um grupo,
descolar grana, ir à empreitada mesmo quando ta chovendo,
ou quando enlameou ou quando brigou. Queria dizer que o
Corpos Informáticos é um presente pra mim. É um presente
daqueles que você sua, deixa a alma, morre e mesmo assim
acha bom como um amor mixuruca.

May 19, 2012 at 1:00 AM  
Anonymous Anonymous said...

JORNAL O MIRACULOSO
ENTREVISTA

Miraculoso: A arte é fuleragem porque o amor é mixuruca.
Comente
Bia Medeiros: A idéia de arte como fuleragem é um conceito que o Corpos
Informáticos vem desenvolvendo, sobretudo a partir da
participação do Fernando Aquino no grupo. O grande passo
seria compreender o nosso trabalho como fuleragem. Permite
mais liberdade, mais ousadia, menos compromisso e esses
aspectos impulsionam a criatividade. Se você não tem o
compromisso de que aquela estátua vai ficar na praça durante
mil e quinhentos anos, você se permite uma ação muito mais
verdadeira e autêntica, do que se você tiver o conceito de que
arte é obra. Por exemplo, todos os desenhos dos artistas, se
você pegar de Leonardo a Egon Chili, Bia Medeiros, Rubens
Gurschimam, os desenhos são melhores que as litografias, do
que as gravuras. Quando a pessoa passa para uma linguagem
mais estável, mais perene, o traço trava. E a fuleragem não
trava o traço. Ela nem tem traço, só tem talvez o resto do
resto como que o Evando Nascimento: a arte seria o resto
do resto. A fuleragem não tem compromisso e o não compromisso
permite o ser dar mais. O amor é mixuruca porque
passa. Todos passam. Mas é incrível porque todas essas mixurucagens
vão fazendo uma genealogia da pessoa. É uma
mixurucagem que deixa rugas maravilhosas,
pedaços de enseadas
no corpo da memória do amor
do tesão do desejo do vácuo do não.
Que bom que é mixuruca. Eu gosto!
M: Esta pergunta é um espaço
aberto para você falar
o que quiser. O Miraculoso
agradece.
B: Queria parabenizar a iniciativa do Miraculoso. É um esforço
bastante grande, eu sei. A gente já tentou fazer jornais
em tempos mais difíceis e o quanto é difícil fazer um grupo,
descolar grana, ir à empreitada mesmo quando ta chovendo,
ou quando enlameou ou quando brigou. Queria dizer que o
Corpos Informáticos é um presente pra mim. É um presente
daqueles que você sua, deixa a alma, morre e mesmo assim
acha bom como um amor mixuruca.

May 19, 2012 at 1:01 AM  

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