“O amor é cego, é preciso, então, tocar” (Ditado brasileiro) Maria Beatriz de Medeiros
O corpo é o lugar da experiência do sensível: corpo-carne, corpo-entranhas e batimentos cardíacos, respirações descompassadas, e esse frio insistente em Brasília, essa luz invasora, esse azul infinito na seca que seca os olhos, a pele esgarça. A mente-memória e tantos sabo-res, cheiros e outras cores. E o tempo vindo, vindo de braços abertos, cavalgando sobre nós, a cada segundo transbordando, transformando isso tudo. E isso tudo sou eu, singular e só; é você, os olhos fixos no livro, sua mente se individuando ; e você também deitado na rede ou na poltrona do avião. E o nós em permanente ebulição. Procuro-o, busco o outro.
Corpo: lugar do desejo, diria o grande Jean-François Lyotard (ad tempura). Qual desejo? O que desejo, de fato? O que desejamos?
O bombardeio de informações e de signos que sofremos hoje não é o resultado de uma ide-ologia nem de uma pesquisa desenvolvida a partir de insatisfações, para saciá-las. Ele cria essas e outras insatisfações e depressões. Sofremos esse bombardeio, de fora para dentro, para dentro da consciência, sem possibilidade de defesa ou recurso. Esses signos são um outro real, impõem um ideal. Eles são a afirmação de uma realidade construída artificial-mente, uma realidade que deforma o real, o sentido do real, o sentido dos objetos, das pala-vras: essa reformatação de nossos corpos implicará apagar todos os dados existentes no suporte?
O que desejo, de fato? O que desejamos? Um novo celular, um novo carro, um novo com-putador. Peitos novos, barriga nova, rugas a menos...
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“O amor é cego, é preciso, então, tocar” (Ditado brasileiro)
Maria Beatriz de Medeiros
O corpo é o lugar da experiência do sensível: corpo-carne, corpo-entranhas e batimentos cardíacos, respirações descompassadas, e esse frio insistente em Brasília, essa luz invasora, esse azul infinito na seca que seca os olhos, a pele esgarça. A mente-memória e tantos sabo-res, cheiros e outras cores. E o tempo vindo, vindo de braços abertos, cavalgando sobre nós, a cada segundo transbordando, transformando isso tudo. E isso tudo sou eu, singular e só; é você, os olhos fixos no livro, sua mente se individuando ; e você também deitado na rede ou na poltrona do avião. E o nós em permanente ebulição. Procuro-o, busco o outro.
Corpo: lugar do desejo, diria o grande Jean-François Lyotard (ad tempura). Qual desejo? O que desejo, de fato? O que desejamos?
O bombardeio de informações e de signos que sofremos hoje não é o resultado de uma ide-ologia nem de uma pesquisa desenvolvida a partir de insatisfações, para saciá-las. Ele cria essas e outras insatisfações e depressões. Sofremos esse bombardeio, de fora para dentro, para dentro da consciência, sem possibilidade de defesa ou recurso. Esses signos são um outro real, impõem um ideal. Eles são a afirmação de uma realidade construída artificial-mente, uma realidade que deforma o real, o sentido do real, o sentido dos objetos, das pala-vras: essa reformatação de nossos corpos implicará apagar todos os dados existentes no suporte?
O que desejo, de fato? O que desejamos? Um novo celular, um novo carro, um novo com-putador. Peitos novos, barriga nova, rugas a menos...
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